O capital geográfico para a alfabetização científica
DOI:
https://doi.org/10.46789/edugeo.v15i25.1525Keywords:
Alfabetização Geográfica, Capital Científico, Modelo PSCTA, Educação GeográficaAbstract
Este artigo tem como objetivo analisar criticamente o conceito de alfabetização científica aplicado à geografia, explorando uma perspectiva integrada que considere as dimensões do capital cultural, científico e geográfico. O objetivo é definir um arcabouço teórico que promova a aplicação de conceitos unificadores, claros e adaptáveis a diferentes contextos culturais e científicos. O artigo explora, de uma perspectiva teórica, a relação entre capital geográfico e a alfabetização geográfica, propondo uma adaptação do modelo PSCTA (Primary Science Capital Teaching Approach) (Nag Chowdhuri, King e Archer, 2021), originalmente concebido para o contexto científico, para o contexto geográfico. Tal adaptação tem como objetivo investigar como práticas educacionais podem favorecer o acúmulo e a aplicação do capital geográfico, considerado não apenas como um recurso pessoal, mas como elemento fundamental para a compreensão das relações entre o indivíduo e o território. A alfabetização geográfica, nessa perspectiva, é interpretada como um processo educacional que, além de desenvolver habilidades técnicas, promove uma consciência crítica e operacional em relação aos espaços vividos e aos desafios ambientais, sociais e culturais contemporâneos. A contribuição também destaca o papel crucial dos professores, chamados a conectar teoria e prática, a valorizar as diferenças culturais, e propõe a necessidade de pesquisa interdisciplinar para desenvolver metodologias inovadoras. Os conceitos explorados neste trabalho configuram-se como ferramentas teóricas à espera de serem aplicadas à prática educacional. Um passo crucial será a experimentação em um projeto de pesquisa internacional que explora formas inovadoras de desenvolver capital geográfico por meio de abordagens educacionais inclusivas e participativas. Tal pesquisa, como proposta, pode representar uma oportunidade para testar e validar estratégias operacionais capazes de promover uma literacia geográfica relevante para os desafios do mundo contemporâneo, lançando as bases para uma cidadania ativa e sustentável.
Palavras-chave
Alfabetização Geográfica; Capital Científico; Modelo PSCTA; Educação Geográfica.
Geographical capital for scientific literacy
Abstract
This paper intends to critically explore the concept of scientific literacy as applied to geography, exploring an integrated perspective that encompasses the dimensions of cultural, scientific, and geographic capital. The objective is to establish a theoretical framework that facilitates the application of unifying, clear, and adaptable concepts across different cultural and scientific contexts. The present study examines the theoretical relationship between geographic capital and geographic literacy, proposing an adaptation of the PSCTA model (Primary Science Capital Teaching Approach) (Nag Chowdhuri, King, & Archer, 2021), originally developed for the scientific domain, to the field of geography. This adaptation explores the potential of educational practices to promote the accumulation and application of geographic capital, which is regarded not merely as a personal resource but as a fundamental element for understanding the relationships between individuals and their environment. From this perspective, geographic literacy is interpreted as an educational process that, beyond developing technical skills, promotes critical and operational awareness of lived spaces and contemporary environmental, social, and cultural challenges. The paper also emphasises the crucial role of educators, who are charged with the responsibility of establishing a connection between theoretical concepts and practical applications, while acknowledging the significance of cultural variations. Furthermore, it underscores the necessity for interdisciplinary research to develop innovative methodologies. The concepts explored in this study are presented as theoretical tools awaiting application in educational practice. A critical forthcoming step will involve the testing of these concepts in an international research project that explores innovative methods for fostering geographic capital through inclusive and participatory educational approaches. Such research could serve as an opportunity to test and validate operational strategies aimed at promoting geographic literacy relevant to contemporary global challenges, thereby laying the groundwork for active and sustainable citizenship.
Keywords
Geographic Literacy; Scientific Capital; PSCTA Model; Geographic Education.
Capital geográfico para la alfabetización científica
Resumen
Este artículo tiene como objetivo explorar críticamente el concepto de alfabetización científica aplicado a la geografía, proponiendo una perspectiva integrada que abarque las dimensiones del capital cultural, científico y geográfico. El propósito es establecer un marco teórico que facilite la aplicación de conceptos unificadores, claros y adaptables a diferentes contextos culturales y científicos. El estudio examina la relación teórica entre el capital geográfico y la alfabetización geográfica, proponiendo una adaptación del modelo PSCTA (Primary Science Capital Teaching Approach) (Nag Chowdhuri, King y Archer, 2021), originalmente desarrollado en el ámbito científico, al campo de la geografía. Esta adaptación explora el potencial de las prácticas educativas para promover la acumulación y aplicación del capital geográfico, entendido no solo como un recurso personal, sino como un elemento fundamental para comprender las relaciones entre las personas y su entorno. Desde esta perspectiva, la alfabetización geográfica se interpreta como un proceso educativo que, más allá de desarrollar habilidades técnicas, fomenta una conciencia crítica y operativa sobre los espacios vividos y los desafíos ambientales, sociales y culturales contemporáneos. El artículo también enfatiza el papel crucial del profesorado, encargado de establecer la conexión entre los conceptos teóricos y sus aplicaciones prácticas, reconociendo al mismo tiempo la importancia de las variaciones culturales. Además, se subraya la necesidad de investigaciones interdisciplinarias para el desarrollo de metodologías innovadoras. Los conceptos explorados en este estudio se presentan como herramientas teóricas a la espera de su aplicación en la práctica educativa. Un paso crítico futuro será la puesta a prueba de estos conceptos en un proyecto de investigación internacional que explore métodos innovadores para fomentar el capital geográfico mediante enfoques educativos inclusivos y participativos. Esta investigación podría servir como una oportunidad para validar estrategias operativas orientadas a promover una alfabetización geográfica pertinente a los desafíos globales contemporáneos, sentando así las bases para una ciudadanía activa y sostenible.
Palabras clave
Alfabetización geográfica; Capital científico; Modelo PSCTA; Educación geográfica.
Downloads
References
ARCHER, L., DAWSON, E., SEAKINS, A. Disorientating, fun or meaningful? Disadvantaged families’ experiences of a science museum visit. Cult Stud of Sci Educ, 11, 917–939, 2016. DOI: https://doi.org/10.1007/s11422-015-9667-7
ARCHER, L., DeWITT, J. ASPIRES: Young people’s science and career aspirations, age 10-14. Final project report. London: Department of Education and Professional Studies, King’s College London, 2013.
ARCHER, Louise; DAWSON, Emily; DEWITT, Jennifer; SEAKINS, Amy; WONG, Billy. Science capital: a conceptual, methodological, and empirical argument for extending bourdieusian notions of capital beyond the arts. Journal Of Research In Science Teaching, [S.L.], v. 52, n. 7, p. 922-948, 20 mar. 2015. DOI: https://doi.org/10.1002/tea.21227
BAUMAN, Zygmunt. Vita liquida. Laterza, 2008.
BOTELHO, L. A. L. A.; VALADÃO, R. C.; ROCCA, L. Proposições para a construção de um Raciocínio Geográfico. Finisterra, [S.L.], v. 125, n. 59, p. 73-87, 5 abr. 2024.
BOTELHO, L. A. L. A.; VALADÃO, R. C.; ROCCA, L. The linchpins of geographic reasoning for a successful teaching/learning: comparison between school curricula in Italy and Brazil. Rivista J-Reading, n. 1-2023, [S.L.], v. 12, n. 1, p. 41-56. Edizioni Nuova Cultura, 2023.
BOURDIEU, Pierre. Per una teoria della pratica. Milano, 2003 [1972].
BOURDIEU, Pierre. Sistema, habitus, campo. Sociologia generale. Nimesis, 2021.
BOURDIEU, Pierre. The forms of capital. In: Richardson, J. Handbook of Theory and Research for the Sociology of Education. New York: Greenwood Press, 1986, pp. 241-258.
BOURDIEU, Pierre. The Social Structures of the Economy. London: Polity Press, 2005.
CACHINHO, H. Geografia Escolar: orientação teórica e práxis didáctica [School Geography: theoretical orientation and didactic práxis]. Inforgeo, 15, 73-92, 2000.
CACHINHO, H., REIS, J. Geografia Escolar (re)pensar e (re)agir [School Geography (re)think and (re)act]. Finisterra – Revista Portuguesa de Geografia, XXVI(52), 69-90, 1991.
CALLAI, Helena Copetti. O ensino da Geografia e a nova realidade. Boletim Gaúcho de Geografia, Porto Alegre, n.24, p. 67-72, maio, 1998.
CASTELLAR, S., JULIASZ, P. Educação geográfica e pensamento espacial: conceitos e representações [Geographic education and spatial thinking: concepts and representations]. Acta Geográfica, 11, 160-178, 2017. DOI: https://doi.org/10.18227/2177-4307.acta.v11iee.4779
CASTELLAR, S., PAULA, I. O papel do pensamento espacial na construção do raciocínio geográfico [The role of spatial thinking in the construction of geographic reasoning]. Revista Brasileira de Educação em Geografia, 10(19), 294-322, 2020. DOI: https://doi.org/10.46789/edugeo.v10i19.922
CASTELLAR, S., PEREIRA, C., GUIMARÃES, R. For a powerful Geography in the brazilian national curriculum. In: CASTELLAR, S. M. V., Garrido-Pereira, M.; LACHE, N.M. (orgs.). Geographical reasoning and learning: perspectives on curriculum and cartography from South America. Springer, 2021. p. 15-32. DOI: https://doi.org/10.1007/978-3-030-79847-5_2
CASTELLAR, Sonia Maria Vanzella. Raciocínio Geográfico e a teoria do reconhecimento na formação do professor de geografia. Signos Geográficos: Boletim NEPEG de Ensino de Geografia, Goiânia, v. 1, p. 1-20, 2019.
CAVALCANTI, Lana de Souza. Pensar pela Geografia: ensino e relevância social. Goiânia: Alfa, 2019. 232 p.
D'ALLEGRA, Daniela Pasquinelli. Geografia a scuola, Metodi, tecniche, strategie. In: DE VECCHIS, Gino de. Didattica della Geografia: teoria e prassi. Novara: De Agostini, 2011. p. 49-78.
DE VECCHIS, Gino de. Didattica della Geografia: teoria e prassi. Novara: De Agostini, 2011.
DURAND-DASTES, F. La question "Où?" et l'outillage géographique [The question “Where?” and geographical tools]. Espaces Temps, (26-28), 8-21, 1984. DOI: https://doi.org/10.3406/espat.1984.3209
GOMES, P. C. Quadros Geográficos: uma forma de ver, uma forma de pensar [Geographical Frameworks: a way of seeing, a way of thinking]. Bertrand Brasil, 2017.
HOOGHUIS, F., SCHEE, J., VELDE, M., IMANTS, J., VOLMAN, M. The adoption of Thinking Through Geography strategies and their impact on teaching geographical reasoning in Dutch secondary schools. International Research in Geographical and Environmental Education, 23(3), 242-258, 2014. DOI: https://doi.org/10.1080/10382046.2014.927168
HUGONIE, G. Des explications dans la Géographie enseignée. Première approche [Explanations in the Geography taught. First approach]. L'Information Géographique, 63(3), 132-138, 1999. DOI: https://doi.org/10.3406/ingeo.1999.2648
LABINAL, G. Des raisonnements géographiques [Geographic reasoning]. In: Clerc, P.; Deprest, F.; Guilhem, L.; Mendibil, D. (orgs.). Géographies: Épistémologie et histoire des savoirs sur l’espace [Geographies: Epistemology and history of knowledge about space]. Armand Collin, 2012. p. 133-138.
MERENNE-SCHOUMAKER, B. Didactique de la Géographie: organiser les apprentissages [Didactics of Geography: organizing learning]. De Boeck Education, 2012.
MERENNE-SCHOUMAKER, B. Eléments de didactique de la Géographie [Elements of Geography teaching]. Norois, 142, 211-242, 1986.
MITCHELL, D. Geography sculpts the future, or: escaping - and falling back into - the tyranny of absolute space. Studia Neophilologica, 93(2), 136-154., 2021. DOI: https://doi.org/10.1080/00393274.2021.1916990
NAG CHOWDHURI, M., KING, H., ARCHER, L. Approccio per l’insegnamento del capitale scientifico primario: Manuale per gli insegnanti. Londra: University College London, 2021.
ÖRBRING, D. Geographical and Spatial Thinking in the Swedish Curriculum. In: Brooks, C.; Butt, G.; Fargher, M. (orgs.). The Power of Geographical Thinking. Springer, 2017. p. 137-150. DOI: https://doi.org/10.1007/978-3-319-49986-4_10
OBE, W. H. The teaching of science in primary schools. London: David Fulton Publishers, 2018.
PINCHEMEL P. De l'enseignement géographique à l'éducation géographique. [From geographical teaching to geographical education]. Historiens-Géographes, 289, 779-783, 1982.
ROQUE ASCENÇÃO, V. O.; VALADÃO, R. C.; SILVA, P. A.. Do uso pedagógico dos mapas ao exercício do Raciocínio Geográfico. Boletim Paulista de Geografia, São Paulo, v. 99, p. 34-51, jul. 2018.
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
Proposta de Aviso de Direito Autoral Creative Commons
1. Declaro que o presente artigo é original, não tendo sido submetido à publicação em qualquer outro periódico nacional ou internacional, quer seja em parte ou em sua totalidade. Declaro, ainda, que uma vez publicado na Revista Brasileira de Educação em Geografia, o mesmo jamais será submetido por mim ou por qualquer um dos demais co-autores a qualquer outro periódico. E declaro estar ciente de que a não observância deste compromisso submeterá o infrator a sanções e penas previstas na Lei de Proteção de Direitos Autorias (Nº9609, de 19/02/98)
2. A Revista Brasileira de Educação em Geografia tambem segue a "Proposta de Política para Periódicos de Acesso Livre".
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).